sexta-feira, 11 de março de 2016

Já Sei o Que Não Vou Fazer

"Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho." (Mateus 7:13)


Há muitos textos bíblicos que são pregados frequentemente em vários púlpitos do Brasil e do mundo. Estes textos costumo chamar de clássicos da bíblia. Por exemplo, a mulher do fluxo de sangue, a ressurreição de Lázaro, o bom samaritano e muitos outros; entre eles, as duas portas. Com os clássicos da bíblia podemos aprender a cada nova leitura lições que tinham nos passado despercebidas; com a ilustração das duas portas não é diferente.


 Não quero chamar a atenção para o óbvio. Que óbvio é esse? Ora, há duas portas: a larga, que representa facilidade numa  vida de prazeres pecaminosos e a estreita, que representa todas as dificuldades às quais aqueles que querem ser salvos serão submetidos na breve vida terrena. Há um elemento nesse texto que pode nos trazer um entendimento a partir de uma perspectiva diferente: Muitos são os que entram pela porta larga.

Sempre fui avesso às maiorias. Não se trata de uma mania de ser diferente ou melhor que os demais; é que nunca me identifiquei com os gostos da maioria. E olhando este texto com a ótica proposta aqui percebo que é melhor ser assim. Quando Jesus diz que muitos entram pela porta larga, me lembro daqueles muitos que foram embora por não suportarem o conteúdo da pregação de Jesus (Jo 6: 60-66). Me lembro da multidão que o seguiu esperando que recebessem o que comer (Jo 6:22-26). Me lembro da multidão que gritava por Barrabás (Lc 23: 18). 

Quando penso nos muitos que entram pela porta larga, inevitavelmente me vêem à cabeça aqueles que lotam as igrejas, especialmente as evangélicas, e procuram apenas por um alívio momentâneo à sua existência vazia. Inevitavelmente penso naqueles que voltam à essas mesmas igrejas para procurar outra dose do remédio que lhes faz tão bem (A religião é o ópio do povo - Karl Marx). Não há como não me lembrar daqueles que fogem a todos os discursos fiéis ao evangelho de Cristo, por julgarem que tais discursos não condizem com o que procuram e são pesados demais para serem suportados. Temos uma geração de cristãos que, declarando-se crentes em Jesus, o negam e o crucificam.

Mas podemos estender nossa perspectiva para além da religião. Por que não pensarmos nos muitos que escolhem suas carreiras profissionais a partir da análise do que está na moda? Há muitos que, em cumprimento da convenção, não são presentes no dia a dia de seus familiares. Há muitos que aceitam a imposição de qual roupa vestir, qual música ouvir, que lugares frequentar. Há muitos que andam por aí abraçando ideologias que nem se dão ao trabalho de conhecer a fundo. Há muitos que estão reproduzindo pensamentos que nunca tiveram, mas ouvem na TV e de cara julgam que está certo e adotam para si. Há muitos que não desconfiam de verdades absolutas e compactuam com absurdos. Muitos que bebem sem perguntar de que fonte veio. São muitos os que fazem o que muitos fazem

Daí podemos aprender a tirar a prova real quando tivermos dúvidas sobre o que fazer. Basta olhar para a direção que vai a maioria. Talvez não encontraremos a resposta imediata para o que fazer. Mas saberemos, com certeza, o que não fazer. Ao entrarmos pela porta estreita, aquela que poucos entram, seremos salvos, principalmente do juízo; mas seremos salvos também do "inferno" de olhar para o mundo e se ver igual a tudo e igual a todos.